A Morte e Suas Facetas

Veridiana Avelino
3 min readFeb 28, 2021

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28/30 — Escreva sobre a morte.

Das poucas certezas que o ser humano tem na vida, uma delas é a morte. Quando nascemos, já estamos predestinados a morrer. Não sabemos o dia nem a hora, mas é certo que esse momento virá. Enquanto não vem, podemos aprender um pouco sobre as diversas perspectivas desse evento — não tão esperado — a partir da influência religiosa e suas culturas.

Há uma riqueza de definições sobre a morte. Para falar com propriedade sobre o que ela representa nas principais religiões seria necessário grande pesquisa e observação dos rituais e seus significados sempre tão fascinantes. Bom seria poder fazer isso, mas é impossível realizar tal proeza, portanto vou traçar um esboço mediante textos lidos e conversas informais com pessoas de diferentes religiões.

Iniciaremos pela visão dos povos indígenas do Brasil. Como temos diferentes tribos, não ficou claro de qual tribo pertence a concepção de que os índios acreditam na vida após a morte e que ao morrer, o espírito da pessoa inicia sua viagem para o Guajapiá, que é um paraíso onde estariam seus ancestrais para que desfrutem da vida eterna.

Na religião católica, que é a orientação dominante no Brasil, segundo um padre, a morte é uma passagem para a vida eterna que é a vida com Cristo. Quando uma pessoa morre, a alma é liberada do corpo e tem três destinos: o céu, que é um prêmio para aqueles que fizeram o bem, o purgatório, para aqueles que ainda precisam purificar os pecados e o inferno, que é o castigo pelas más ações.

Já para os protestantes, a morte dessa vida é uma passagem para a vida eterna. O corpo virará pó, tal qual fala a Bíblia — “Do pó vieste e ao pó voltarás” — e a alma volta para Deus. É motivo de alegria porque a vida eterna com Deus não tem dor nem sofrimento.

No Judaísmo, a morte é encarada como algo natural. Os judeus se veem como hóspedes temporários na terra. A alma vai para Deus. Quando um judeu morre, geralmente a comunidade se ocupa do corpo para aliviar a família. Todo caixão deve ter a Estrela de Davi para demonstrar que a morte iguala todos.

Para os budistas, há uma lenda em que uma mãe vai procurar um Buda para ressuscitar seu filho e o mesmo pede que ela pegue um grão de mostarda e leve para uma casa em que ninguém tivesse morrido. Com isso, se entende que todos devem conviver com a morte. Há a crença na reencarnação e a morte é um momento de crescimento espiritual.

No Hinduísmo, a morte se dá várias vezes. Há um ciclo entre nascimento, morte e renascimento. Ao longo desses ciclos é dada a oportunidade de evoluir ate chegar ao estágio de se encontrarem com o Brahman, a entidade suprema.

Já no Islamismo, os muçulmanos dizem que não há motivos para temer a morte, já que o nascimento e a morte estão nas mãos de Deus. Acreditam na reencarnação. Os muçulmanos que morrem na luta pela fé (jihadistas) vão direto para o paraíso.

Os seguidores do Espiritismo veem a morte como uma transformação, não o fim. Quando a pessoa morre, desencarna (há a separação entre o corpo físico e o espírito). A morte permite que esse espírito continue vivendo na dimensão espiritual, com lembranças de sua vida e imperfeições que não conseguiu superar e continua num processo de aprendizagem, podendo reencarnar várias vezes.

No Candomblé não existe céu ou inferno. Ao morrer, a alma do falecido é encaminhada para o mundo espiritual através dos orixás, onde vai permanecer ao lado de seres ancestrais.

Concluindo, é interessante também mostrar o ponto de vista dos ateus: como há prova que há outra vida, a morte põe um ponto final em tudo. É o fim da jornada. Todavia, sentem a saudade e a dor do luto como qualquer outra pessoa.

Temos então diferentes visões, cada uma demonstrando grande respeito para esse momento que sempre foi tão misterioso e por que não dizer, sublime. Falar da morte não deveria ser tão trágico, afinal, mesmo sem perceber, a cada dia estamos mais próximos de abraçá-la.

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Veridiana Avelino

Leitora voraz e também escritora. Gosto de viver, conhecer lugares, experimentar sabores, sentir o cheiro das coisas. Ver esse mundo que Deus criou!