O Pão Que Amassei
Aprendiz de padeira
Uma nuvem de farinha, como poeira, espalha-se na bancada
Em seguida, uma mistura de água, sal, farinha e fermento natural
Amassa daqui, amassa de lá
Um ponto de véu desponta, parecendo um manto
Vai sovando com carinho, criando tensão
Assim é na massa e na vida, que por vezes nos aperta para ficarmos mais fortes
Hora de criar forma, arrendando-o com minhas mãos,
Um lindo pãozinho surgiu, que graça
Descansa, cresce, essa massa macia
Vou deixar dormir, para o fermento natural trabalhar
Aqueço um forno, no limite máximo
Não sai bom pão com forno frio
Corto a massa, ela não chora
Na panela de ferro, crio um vapor jogando água
Os sons da cozinha cantarolam comigo
Levo ao forno e deixo acontecer
Tempo depois, ele surge dourado
Uma brilhante casca, conversando ainda com a panela quente
O cheiro toma conta de todo o ambiente
Meu lar agora tem perfume de pão
Deixo arrefecer, para fatiar
O barulho da casca me encanta
Retiro do armário um bom azeite, reservado
Sabores tão puros se entrelaçando
Uma taça de vinho tinto também é convidada
Pão e vinho, desde sempre, em nossa mesa.